O plantio de trigo no Rio Grande do Sul enfrenta desafios significativos nesta safra, devido ao excesso de umidade no solo e às chuvas intensas, que atrasam a semeadura em diversas regiões. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (05/06), uma pequena parte da área projetada para o trigo foi implantada, e os agricultores aguardam condições climáticas melhores para avançar na operação. Ainda devido às precipitações, áreas de erosão do solo já começam a ser observadas. O cenário é de cautela. Houve redução na área cultivada em relação à safra anterior e ajustes nas estratégias de investimento, incluindo maior uso de sementes salvas. Apesar disso, as lavouras já estabelecidas apresentam desenvolvimento vegetativo satisfatório, mantendo as expectativas de produtividade dentro dos parâmetros esperados para o período.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, a semeadura do trigo iniciará na próxima semana nos municípios de menor altitude. Nos municípios localizados nos Campos de Cima da Serra, que concentram a maior área de trigo da região, a semeadura está prevista para julho. Na de Santa Rosa, a semeadura avança de maneira lenta, alcançando 10% da área. Nas lavouras implantadas, a cultura encontra-se em desenvolvimento vegetativo, e as condições são consideradas satisfatórias para essa fase. A estimativa inicial de produtividade é de 3.240 kg/ha. Na região de Soledade, a semeadura do trigo também atingiu 10% da área estimada, podendo se estender até 20 de julho para a maioria dos municípios, conforme o Zoneamento Agrícola.
A área cultivada com trigo na Safra 2024 no Estado foi de 1.331.013 hectares, e a produtividade, de 2.781 kg/ha (IBGE). A Emater/RS-Ascar está realizando o levantamento de intenção de plantio e a estimativa de produtividade para a Safra 2025, não só do trigo, mas também da aveia branca, da canola e da cevada, que deverá ser apresentado nas próximas semanas.
Aveia branca - As condições edafoclimáticas estão influenciando bastante o ritmo de plantio, pois o excesso de umidade, em algumas áreas, dificulta a semeadura. No entanto, o desenvolvimento vegetativo nas lavouras implantadas está satisfatório e há boa uniformidade de estande e ausência de problemas fitossanitários relevantes. Os produtores avançaram nos tratos culturais, com ênfase na adubação nitrogenada em cobertura e no controle de plantas daninhas, especialmente nas áreas mais adiantadas. Apesar dos desafios pontuais relacionados às condições climáticas, a cultura mantém potencial produtivo adequado, com expectativas positivas para o rendimento nesta safra. A cultura é uma boa alternativa de cultivo de inverno, considerando seus usos (alimentação animal e humana e produção de sementes).
A área cultivada com aveia branca na Safra 2024 no Estado foi de 368.450 hectares, e a produtividade foi de 2.196 kg/ha (IBGE).
Canola - A canola representa uma importante opção estratégica para a safra de inverno no Estado, apresentando cenário diversificado entre as regiões produtoras, devido à adaptação da espécie e às características de manejo, além de atender à demanda da pecuária e da indústria. O avanço da semeadura depende de condições climáticas favoráveis, mas em algumas regiões a área semeada ultrapassa 60% do estimado.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, por exemplo, mantém-se a previsão de aumento da área cultivada com canola de 4.855 hectares, representando ampliação de 80%. Mais da metade (60%) da área foi semeada e encontra-se em desenvolvimento vegetativo adequado para a época. Na de Santa Maria, a estimativa é de aumento de 18% da área plantada em relação à safra passada, totalizando 41.208 hectares. Em Tupanciretã, foram semeados em torno de 90% dos 19 mil hectares estimados para o cultivo.
A área cultivada com canola na Safra 2024 no Estado foi de 147.879 hectares, e a produtividade, de 1.417 kg/ha (IBGE).
Cevada - A semeadura foi iniciada ou está em fase de preparo. Apesar da baixa expressão dessa cultura no Estado, projeta-se expansão da área cultivada em alguns municípios, por ser uma alternativa importante para a diversificação de culturas de inverno. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, a expectativa de plantio é de 672 hectares, o que representa 51% de ampliação em relação à safra passada. Na de Ijuí, os produtores realizam a dessecação das áreas a serem semeadas com destinação à indústria cervejeira. Nas áreas destinadas à alimentação animal, os cultivos apresentam bom desenvolvimento.
Na Safra 2024, a área cultivada com cevada no Rio Grande do Sul foi de 35.036 hectares, e a produtividade média, de 3.115 kg/ha, segundo o IBGE.
Ervilhaca - Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, as lavouras semeadas em março e abril apresentam desenvolvimento vegetativo, cobertura do solo e fixação de nitrogênio adequados. As semeaduras mais tardias (final de maio) estão em fase de germinação e estabelecimento inicial. As precipitações dos últimos dias não causaram danos significativos às lavouras devido ao porte das plantas, que já atingiram cerca de 10 cm de altura, protegendo o solo.
PASTAGENS E CRIAÇÕES
O início do período foi marcado por condições desfavoráveis ao desenvolvimento das pastagens de aveia e azevém, devido ao excesso de umidade no solo, o que limitou o crescimento das forrageiras. Porém, o retorno de dias ensolarados proporcionou melhora significativa nas condições das pastagens. Em áreas de integração lavoura-pecuária (ILP), já se nota a presença de rebanhos sobre pastagens bem estabelecidas.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar Erechim, após a chuva, uma massa de ar frio reduziu as temperaturas. Foram registrados episódios de geada, principalmente nas áreas mais baixas, onde não houve formação de cerração. Na de Ijuí, a alta umidade do solo tem dificultado o pastejo e prejudicado a oferta de forragem. O deslocamento dos animais tem causado amassamento e arrancamento de plantas, especialmente em pastagens no estágio inicial e com enraizamento ainda fraco.
Na região de Pelotas, em Pinheiro Machado, avançou o plantio das pastagens de inverno, anteriormente atrasado pela falta de umidade no solo. As pastagens nativas apresentam redução na oferta e na qualidade devido à ocorrência de geadas. Na de Porto Alegre, algumas propriedades com pastagens permanentes, como a Kurumi, ainda mantêm os rebanhos em pastejo. As pastagens de inverno implantadas em algumas áreas começaram a permitir a entrada dos animais.
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