No dia 15 de outubro é comemorado o Dia Internacional das Mulheres Rurais, data que destaca o protagonismo feminino no campo e o papel essencial das mulheres na agricultura familiar gaúcha. A Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) tem contribuído para fortalecer a autonomia, o empreendedorismo e a organização comunitária das mulheres, acompanhando as transformações sociais e econômicas que moldaram o meio rural.
De acordo com Fabricia Tadia, gerente técnica estadual adjunta da Emater/RS-Ascar e extensionista rural social, a atuação com as mulheres rurais está presente desde a fundação da Ascar, há 70 anos. “Nosso trabalho começou ainda com os clubes 4S e, depois, com os clubes do lar. Naquele tempo, as ações eram voltadas à economia doméstica, com orientações sobre aproveitamento de alimentos, higiene e saúde, em um período em que o saneamento era precário. Com o passar dos anos, as mulheres foram apresentando novas demandas e nosso trabalho evoluiu junto com elas”, explica.
Hoje, o foco das ações está na organização social e no fortalecimento da autonomia feminina, além do estímulo ao empreendedorismo. As mulheres rurais têm se destacado em atividades inovadoras, como o turismo rural, o artesanato e as agroindústrias familiares, setores que têm recebido forte apoio técnico e de capacitação da Emater/RS-Ascar. “As mulheres têm uma visão mais ampla das oportunidades dentro da propriedade. Enquanto os homens investem nas atividades tradicionais, como lavouras e pecuária, elas empreendem em áreas que diversificam a renda e ampliam o potencial econômico das famílias”, observa.
Nos centros de treinamento da Emater/RS-Ascar de Erechim, Canguçu e Bom Progresso (Cetre, Cetac e Cetreb), os cursos voltados ao desenvolvimento e empreendedorismo feminino estão com turmas fechadas até o final do ano, reflexo da grande procura por capacitações voltadas à liderança, boas práticas agroindustriais e gestão rural. Esses espaços têm sido fundamentais para ampliar o acesso das mulheres ao conhecimento técnico e à formalização de suas atividades.
Em 2024, a Emater/RS-Ascar atendeu a mais de 114 mil mulheres, em 497 municípios gaúchos, com ações que vão desde o assessoramento técnico e social até o incentivo à participação em conselhos e cooperativas. “A Emater tem um poder de mobilização muito grande. Se não fosse essa presença e esse acompanhamento constante, muitas mulheres talvez não tivessem tido a oportunidade de formalizar suas agroindústrias ou de empreender no meio rural”, afirma Fabricia.
A extensionista ressalta ainda o papel das mulheres na gestão da produção e na segurança alimentar das famílias rurais. “Elas são as responsáveis por grande parte da produção de alimentos, hortas e pomares, e muitas vezes transformam o excedente em produtos processados, como geleias, queijos e conservas. Isso gera renda e fortalece a economia local”, completa.
Um exemplo desse protagonismo está na família Mortari Mariano, de Cacequi, liderada por três gerações de mulheres. A família celebrou recentemente 40 anos de parceria com a Emater/RS-Ascar, trabalhando lado a lado desde o final da década de 1980. Vera, matriarca da família, foi incentivada pela Instituição a se candidatar à presidência da Associação dos Produtores Rurais de Macaco Branco e permaneceu no cargo por 12 anos. Durante sua gestão, ela viabilizou a construção da sede da entidade com recursos do programa RS Rural, organizou eventos comunitários e mobilizou a comunidade local.
“Fazíamos missa crioula, Grenal de bombacha, cuca, pastel, rapadura... dava muito trabalho e a Emater sempre do nosso lado”, relembra Vera, sobre as atividades que fortaleceram os laços entre os produtores e a comunidade.
O Dia Internacional das Mulheres Rurais, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1995, reconhece a importância das mulheres no desenvolvimento rural e na segurança alimentar global. No Rio Grande do Sul, essa data reforça a valorização do público mais expressivo de atendimento da Emater/RS-Ascar, que são as mulheres que constroem, com seu trabalho e dedicação, um campo mais justo, sustentável e inclusivo.
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