Quando Francisca Ferrão Martins começou a cuidar de um pequeno rebanho de ovelhas, com 10 animais criados para consumo de carne, a intenção não era que isso se tornasse a sua fonte de renda. Porém, com o apoio da Emater/RS-Ascar, o amor pela ovinocultura tornou-se um negócio que hoje possui certificação para a exportação de lã. No Dia Nacional da Pecuária, 14 de outubro, destacamos o trabalho desta pecuarista familiar, do município de São Pedro do Sul, na região Central do Estado.

Há mais de nove anos, a produtora se dedica à criação de ovelhas voltada para a comercialização da lã, cuidado que segundo ela se baseia em três pilares principais: genética, sanidade e alimentação. “Tem que ter muito cuidado, elas não exigem tanto trabalho como dão cuidados. É olhar todos os dias e ter essa amizade com elas, tratar elas o melhor possível para que elas não fiquem ariscas”, afirma Francisca.

O mercado de exportação de lã é geralmente associado às grandes propriedades, mas o trabalho de Francisca demonstra que, com suporte técnico adequado e muito zelo, ele pode ser desenvolvido em pequenas propriedades, agregando valor nos produtos comercializados. O serviço de esquila e acondicionamento da lã é realizado por um técnico esquilador, certificado pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco).  Com esse serviço, que obedece às normas e padrões para certificação e acondicionamento, a lã recebe o selo Lã Gaúcha Certificada, conferido pela associação. A partir daí, a lã da dona Francisca cruza a fronteira e segue para o Uruguai através de uma exportadora de lãs.

Conforme a extensionista rural Elusa Andrade, possuir o selo de certificação garante o padrão de qualidade, assim como a classificação prévia do produto, ainda na propriedade. Geralmente, o valor do quilo da lã é o dobro quando vendida para fora do país, em comparação com o valor pago pelas barracas e cooperativas brasileiras, segundo explica: “dentro desse valor, é preciso descontar gastos de fretes e de amostragem dos fardos, que vai a laboratório no Uruguai para análise de micronagem. Ainda assim, a Francisca garante que rende bem mais que se vendesse aqui sem a certificação”.

Conforme a extensionista rural Laila Simon, há três anos os profissionais da Emater/RS-Ascar acompanham as questões relacionadas à verminose e micronagem: “um trabalho consolidado, construído, em que a gente busca melhorar a questão genética dentro do rebanho de lã, mas também alcançar para o produtor uma ferramenta que remunere o serviço na forma proporcional”.

A partir dos dados coletados com o auxílio dos profissionais, “a produtora tem uma facilidade maior de fazer também a seleção das suas matrizes no rebanho, com vistas ao melhoramento genético”, afirma a extensionista Elusa. Os atendimentos proporcionam que a produtora tenha uma lã boa para ser exportada para o Uruguai, mas também consiga vender cordeiros de qualidade.

Para Francisca, o trabalho da Emater/RS-Ascar vai além dos fatores técnicos, servindo de apoio aos produtores em momentos difíceis. “Às vezes, a gente dá uma caída, fica meio tristinha, liga para as gurias da Emater e elas dão uma conversada, elas fazem uma visita e aí a gente tem um suporte psicológico das também”, comenta.

“A gente sente gratidão por poder trabalhar com pessoas assim, entendendo que nosso papel técnico é promover a atividade, é realmente ajudar para que esses agricultores consigam gerar renda, cultuando a sua tradição, a sua herança”, afirma Laila.