Mais de 25% dos parreirais na Serra estão localizados em áreas com risco muito alto de deslizamento de terras. Esse é um dos diagnósticos feitos por um estudo divulgado nesta semana pela Embrapa. E são os primeiros dados da pesquisa, iniciada em julho do ano passado, após a enchente, que está ligada ao Programa Recupera Rural RS. Além de imprimir um raio-X do problema na região, o trabalho trouxe propostas para mitigar riscos em futuros eventos climáticos extremos.
Na prática, apenas 1% ou 300 hectares dos parreirais na Serra foram afetados pela enchente, esclarece Joelsio José Lazzarotto, pesquisador da Embrapa e um dos editores da publicação:
— Mas, fazendo essa análise, percebemos que 25% ou 9 mil hectares estavam sujeitos a danos. Ou seja, não ocorreram problemas em toda a área, mas há muita potencialidade de ocorrer, em eventos futuros.
Nesses locais, continua Lazzarotto, a inclinação do terreno é superior a 30%. São neles também que se concentram 23% da produção da indústria vitivinícola e 4 mil famílias produtoras.
— Mas não foi uma opção. Foi a área que foi possível dos imigrantes italianos ocuparem na época, há 150 anos — lembra ainda o pesquisador.
O estudo
Para esse diagnóstico, primeiro, foi escolhida a região a ser estudada. A opção pela Serra, explica o pesquisador, tem a ver com ser uma região rodeada por encostas, onde deslizamentos não são incomuns. No período da enchente, a pesquisa calculou 1,3 mil deslizamentos.
Foi feito, então, um levantamento a campo com o apoio da Emater, da Secretaria Estadual da Agricultura e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Nesta primeira etapa, o diagnóstico foi "visual". E se identificou que, além do excesso de chuva, outro causador dos deslizamentos foram a falta de mata nativa nas encostas.
Próximos passos
Entre as alternativas sugeridas pela pesquisa — e que devem começar a ser trabalhada nos próximos meses — está a de adequação dos sistemas de produção de uva, que é a principal atividade da região, respondendo por 85% da produção gaúcha da fruta. A adequação de estradas rurais, a recomposição florestal com mata nativa — com a inserção, inclusive, de espécies que gerem renda ao produtor —, a criação de linhas de crédito diferenciadas para produtores afetados e a construção de planos diretores específicos para o meio rural são outros exemplos.
Trabalho que, lembra Lazzarotto, precisará ser feito com muitas mãos:
— Se não houver o envolvimento tanto do setor privado, quanto do setor público, os resultados não vão alcançar o objetivo do trabalho, que é o de promover uma nova realidade de exploração da Serra Gaúcha.
FONTE/CRÉDITOS: Gaúcha ZH
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