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Parecia um pesadelo que nunca ia terminar
Polícia Civil / Divulgação

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Parecia um pesadelo que nunca ia terminar", relata vigilante que foi preso por suspeita de envolvimento em plano terrorista para show de Lady Gaga

Parecia um pesadelo que nunca ia terminar", relata vigilante que foi preso por suspeita de envolvimento em plano terrorista para show de Lady Gaga

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Morador de Novo Hamburgo foi libertado pela Justiça após ficar uma semana encarcerado por suposto complô para explodir bombas na apresentação em Copacabana. Investigação aponta que celular dele foi clonado por hacker
Morador de Novo Hamburgo, o vigilante Luiz Fabiano da Silva, 49 anos, foi solto no sábado (10) após passar uma semana encarcerado numa cela coletiva em Porto Alegre. Ele estava preso preventivamente como suspeito de integrar um plano de ataque a bomba contra frequentadores do show da cantora norte-americana Lady Gaga, realizado dia 3 em Copacabana, Rio de Janeiro.
A libertação aconteceu porque novas investigações apontam que a internet de Luiz Fabiano foi clonada e tudo indica que ele não participou do complô para realizar os atentados. O mentor dos atos terroristas (nunca concretizados) seria um rapaz, localizado no Rio de Janeiro, que teria hackeado o IP do celular do vigilante gaúcho (IP é uma espécie de identidade cibernética). Ele também foi preso.
Luiz Fabiano foi detido duas vezes em uma semana. A primeira, quando sofreu buscas por suposta participação do complô terrorista, porque policiais encontraram na casa dele três armas. Uma delas, um revólver antigo (calibre .22) com numeração apagada. Ele foi preso em flagrante e libertado após pagar fiança.
Dois dias depois, teve a prisão preventiva decretada e foi enviado ao Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), onde ficam presos provisórios) de Porto Alegre. A motivação: uma juíza considerou que o caso relatado nas investigações era grave e era necessário segregar o vigilante, para o bem da ordem pública.
O despacho que libertou Luiz Fabiano foi dado pelo juiz Jaime Freitas da Silva à 1h43min da madrugada. Plantonista em Porto Alegre, o magistrado considerou que o caso era de urgência, como mostram trechos do documento obtidos pela reportagem.
Fabiano saiu do Nugesp na manhã seguinte, vestindo uma camiseta de uma empresa de segurança, porque suas roupas foram extraviadas.
IPs dos celulares indicaram suspeitos de terrorismo
A apuração que levou Luiz Fabiano à cadeia teve início por meio de denúncia anônima recebida pela prefeitura do Rio, repassada à Polícia Civil. A partir dela, foi produzido um relatório do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A apuração foi encaminhada à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio de Janeiro (DRCI), unidade responsável pela condução do inquérito.
O relatório do Ciberlab identificou os computadores e celulares de quem conversava sobre esse atentado dentro da plataforma Discord (de jogos online), explica o advogado Michel França, que conseguiu a libertação de Luiz Fabiano.
— A partir da identificação do apelido de cada um desses usuários, eles conseguiram o e-mail que estava cadastrado nesse username. E, a partir do e-mail, eles conseguiram também (e isso está no relatório) os IPs de onde essas contas estavam conectadas — relata o advogado, especializado em crimes cibernéticos e que trabalha com peritos particulares.
França confirma que o rapaz do Rio de Janeiro identificado como mentor do complô terrorista se utilizava de cinco IPs diferentes, mas todos do mesmo provedor de internet. Ao que parece, enfatiza o advogado, essa pessoa hackeou um provedor de internet e estava utilizando os IPs para não mandar a própria localização.
— E um desses IPs, infelizmente, é o IP do Luiz Fabiano — acrescenta França.
Luiz Fabiano foi libertado, mas o processo judicial contra ele ainda prossegue, até que se conclua em definitivo que ele foi hackeado. Tanto que ainda não foi devolvido o celular do vigilante (está usando um provisório).
Churrasco com a família e alívio
A primeira providência de Luiz Fabiano da Silva neste Dia das Mães foi ir a um açougue, comprar carne para um churrasco em família. Foi com o pai, idoso, que chorou muito ao saber da libertação do filho. A churrascada vai unir ele, a mulher, Franciele, os três filhos do casal, os pais e um irmão que o recebeu na saída da cadeia.
Em entrevista a Zero Hora, o vigilante relatou que foram dias e noites de desespero, só atenuadas por perceber que seus colegas de cela acreditavam na sua versão: "Sou inocente".
Confira aqui trechos da conversa com Luiz Fabiano:
Zero Hora - Como foi essa experiência de ficar preso uma semana?
Luiz Fabiano da Silva - Parecia um pesadelo, que nunca ia terminar. Em 28 anos trabalhando na área de segurança privada, inclusive em escolta de carro-forte, nunca respondi por crimes. Eu até sonhava em ser policial. Prendi pessoas, nunca fui preso.
Como os demais ocupantes da cela reagiram à sua presença? Afinal, o senhor trabalha com segurança...
Até por ser vigilante, fui colocado numa cela com pessoal que não é profissional do crime. A maioria estava ali por questões da Lei Maria da Penha, ameaças ou agressões às companheiras. Logo viram que não era para eu estar preso e ajudaram a me tirar do fundo do poço. Foi uma benção, me deparei com gente que tem honra e fé.
Como o senhor acha que foi confundido, hackeado?
Não sei. Nem computador eu tenho. Já tive um notebook. Pelo que o advogado falou, ele clonou meu celular, copiou a identidade.
O senhor pensa em processar alguém pela confusão?
Ainda não pensei nisso. Vou me reunir com o advogado, ver como fica o processo.
Autoridades manifestam cautela
O Ministério Público do Rio Grande do Sul diz que só vai se manifestar sobre o episódio envolvendo o vigilante confundido com terrorista após o fim da avaliação, com o oferecimento da denúncia ou não.
O Tribunal de Justiça-RS diz que não falará porque o caso está em segredo de Justiça. A Polícia Civil gaúcha informa que apenas cumpriu mandados judiciais, não fez a investigação.
O Ciberlab do Ministério da Justiça afirma que não cabe ao órgão presumir culpa ou inocência e que a apuração da responsabilidade penal é atribuição exclusiva da autoridade policial e do Poder Judiciário. "O relatório técnico visou fornecer subsídios técnicos para o aprofundamento da apuração, com base em indícios preliminares", diz nota do laboratório.
A Polícia Civil-RJ disse que não divulga detalhes de investigação em andamento.
 
FONTE/CRÉDITOS: Gaúcha ZH
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