O produtor de hortaliças Evandro Souza, de Santa Maria, encontrou no sistema de plantio direto uma alternativa sustentável para enfrentar os impactos climáticos na produção. Após sofrer perdas com o excesso de chuvas no ano passado, ele passou a experimentar práticas conservacionistas que garantem maior proteção ao solo e estabilidade à lavoura. “Nos 365 dias do ano é da terra que tiro o sustento. O solo precisa de cuidado, porque tudo que a gente coloca nele, espera que ele devolva”, afirma Souza.

Segundo o extensionista rural da Emater/RS-Ascar Ronaldo Carbonari, as mudanças climáticas já têm efeitos visíveis sobre o cultivo de hortaliças, o que pode afetar em curto prazo a oferta de alimentos. Nesse cenário, práticas como a rotação de culturas, a descompactação do solo e o terraceamento ganham relevância. Todas essas técnicas estão previstas nas ações da Operação Terra Forte, programa do governo estadual voltado à agricultura familiar.

Os recursos disponibilizados pelo Terra Forte podem ser aplicados na compra de corretivos, fertilizantes, sementes de plantas de cobertura e bioinsumos. O objetivo é incentivar os olericultores a consolidar o plantio direto como tecnologia conservacionista, fortalecendo a adaptação e a resiliência das propriedades diante da instabilidade climática.

Souza já colhe os resultados. Ele realizou cobertura do solo com aveia, aproveitando a palhada para proteger a terra e aumentar a fertilidade. “No ano passado plantei melancia sobre a palhada e funcionou 100%. Agora vamos repetir a técnica com o melão gaúcho”, relata. O agricultor destaca que o método reduziu a necessidade de capina manual e melhorou as condições físicas do solo.

Para o também extensionista rural da Emater/RS-Ascar Leonardo Brondani, a transição entre o cultivo convencional e o sistema de plantio direto pode ser feita gradualmente, inclusive por meio do preparo reduzido do solo. Mesmo intermediária, a prática contribui para reduzir a erosão e melhorar os atributos químicos, físicos e biológicos da terra.

O sistema de plantio direto de hortaliças, além de manter o solo coberto por resíduos vegetais ou plantas vivas durante todo o ciclo, promove a diversificação por meio da rotação, sucessão e consorciação de culturas.

“A gente sempre pensa que tudo pode melhorar. O importante é dar o melhor para que a terra retribua”, conclui Souza.

As inscrições para o Programa Operação Terra Forte estão abertas até 17 de outubro. Podem participar agricultores familiares, indígenas, quilombolas, assentados da reforma agrária e pecuaristas familiares que possuam Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) ou Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) ou Declaração de Pecuarista Familiar (DPF) ativos.

O processo de inscrição é presencial, nos escritórios municipais da Emater/RS-Ascar, onde será realizada uma entrevista semiestruturada e solicitada a apresentação de documento de identificação. Caso necessário, a Emater/RS-Ascar poderá auxiliar na atualização do CAF antes da efetivação da inscrição. No ato da inscrição, o agricultor deve indicar qual atividade produtiva será priorizada no seu Plano Individual de Ações Integradas (Piai), caso venha a ser selecionado para o programa.